terça-feira, 1 de junho de 2010

Farta, parto no parto

Despeço-me, em um breve aceno

Estou pronta para a vida efêmera

De ser mãe do que se matou

Saindo de mim, estranha entranha


As mãos pingam sangue

Enquanto insone observo o leve pulsar

Se acalmar...

E brevemente

A breve existência

Se abreviará


Seco! Meus olhos estão secos

Meus sentimentos adormecidos.

E sentida, rasgo a carne da vida

Mergulho no profundo

Do que um dia fui eu


Sem nexo, rumo a esmo

No ermo, no acalanto de passar

Os passos leves, curtos e lentos

No abismo, na ponte do precipício


Perdoai-me por saber que o que fiz

Faria sem pensá-lo muitas vezes mais

Perdoai-me se a intenção

Era não maltratar-te

Além da prisão doméstica

Em que tanto viveste

Dei-te meu mundo, minha visão

Descanse em paz, minha pequena criança

Descanse, pois sempre observarei

E zelarei

Pelo seu eterno e ininterrupto

Quase despertar