terça-feira, 20 de maio de 2008

Aquém

Vago impressa
Nas impressões
Que expiro,
Decaio do alto
Me choco no asfalto
e vou além do meu mundo

Deturpo o pudor
Estupro o rancor
Que corrói a ferrugem
do que é feliz

Fecho meus olhos
Para a escuridão que assola
E "ascendo" uma luz
Que excede meu saber
Obsoleto,
Em seu tricotar existir

Desdobro as mangas rubras
E entorno o caldo doce
Que me amarga a inocência

E agora,o que me resta
É fazer de palavras simples
Mil significados,
Sem que nenhum deles,
Signifique aquilo que gostaria de expressar

Mas expiro impressões,
que tampouco expressam
As vagas que carrego
Para um pouco mais
Do pudor que estupro

Ou quem sabe,um belo e cafona amor.


Prometo,que vou tentar parar de usar as palavras belo e palavra.A culpa não é minha,elas me dizem muito,e por mais dor que tenho ao lê-las,não deixam de ser belas,nem de ser palavras.Preciso parar de me repetir^^.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A arte redunda,e redonda ainda é arte.
Se multiplica e se torna rarefeita,mas ainda está arte.
Vai pra bem longe,ou mora no repousar do travesseiro,e nos diz arte.
te encurrala,escurraça.esmiuça suas vontades,e nos torna arte.
É o que bem sabe ser,mesmo que tão mal a façamos e nos transforma em arte.

Vou pra lá,para bem além do distante,me perder nas transições que me traz de volta.

Não me espere,não mande recados,nunca antes fui mais tudo do que nada,

Vamos embora também,há lugar para mais um,todo.

Quero cansar e ócio e esquecê-lo,abandoná-lo,no arquivo vivo que consciente,sei ser minha frágil consciência.

Quero buscar,formas e movimentos nas pedras dos meus sapatos.Jamais foram tão belas!

Mas há,de verdade,algo mais belo,que a palavra belo?Ou a bela palavra?

Transmuto e ainda sou arte,mesmo que nunca seja nada além de tudo o que sou.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Feiche
fechado
de flecha

Fetiche
fervendo
fermenta

Feto
defecado
é fênix

Fera
fenece
no fervor

Férreo
ferroviário
fere

Ferida
febril
é fenda

Fechadura
fecha
o fecundo


Não me perguntem,não sei o que quis dizer...só sei que nada disse

sábado, 3 de maio de 2008

E de repente,não mais do que de repente,meu caro Vinícius de Moraes,veio,ao pé do meu ouvido e me contou segredos versados.Onde ritmo,consiste em coexistência,estética manipulada,para incutir mensagens mais facilmente.Quão fácil seria a vida,se esta fosse em redondilhas!Jamais me esqueceria de lavar minha roupa,ou de quem sabe estudar para a prova que vem chegando.
Se tudo fosse ritmado,haveria um sentido,por mais simples que o fosse,um sentido.Bruto e indelicado,em sua caligrafia rabuscada,mas um sentido.
Deveria haver mais calor,mais frio,mais sensações.Careço de carência.Meu deus em que não creio,me dê um sentido qualquer!Quem sabe,em alusões ao momento que me proporcionastes,não conseguisse,olhar nos olhos sem dúvida,lamento ou perda.Preciso de algo a mais que minhas revoltas armadas,por um objetivo que deprecio em sarcasmo,mas que defendo até a morte se preciso,só por ter algo para lutar.
Precisamos de mais vida!Ou então de um pouco mais desse gás tóxico que entorpece,e estagna, e engana,e nada mais tem a fazer,além de impedir realizações,completando assim sua missão.
Preciso de coragem,para parar com essas fugas baratas,seja em um copo a mais,nas palavras que escrevo para ninguém,no franzir de sombrancelhas,que em momento algum indicou minha moral.

Descobri uma coisa,simples e aterradora:

Não há moral,só vislumbres mal interpretados.
Que seu deus nos acuda enquanto julgamos aquilo que não conseguimos entender!