quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sela em mim esse segredo
Que grita, trôpego
seu libertar.

Afoga de todo os desejos
antes mesmo que
os possa desejar.

Tira o bater do meu peito
e decore para si
a carcaça que, do que era, restará.

Sopre em meus olhos areia
e fazei dessas lágrimas
água do mar.

Comprima você em meu leito
e no seu implorar suspeito
arranque de todo meu amar.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Meu lar é o lado de fora
de onde moro, do que faço, do que sou
É o reflexo do lago no céu

Meu lar é o descompasso
é o conforto de ver, de fora
janelas recheadas de seres,
em seus lares
É o sentir-me só em companhia
e repleta quando desacompanhada

Meu lar é o inverso do que falo
e o dobro do que faço
É a carência de uma dor
e o recusar de um afago
É a nostalgia do que vem
e a recusa do que passou

Meu lar é o germe do seio
ainda no ventre
que inocente crescia
sem a crença
de que o apunhalaria
enquanto dormia,
depois de farta
me alimentar.

Esse é sem correções, amanhã eu leio e vejo os buracos que deixei.

domingo, 21 de novembro de 2010

Transborda onda
em seu majestoso quebrar
Leve meus pensamentos contigo
à alto-mar.

Que lá residam em paz
cientes da fortuna
que, se não os tormou mais belos
ensinou-lhes uma nova maneira
de enxergar.

Zele por nós
que aqui atracados,
estarrecidos ficamos
e me faça uma oração
antes do seu derradeiro, e resignado
afundar.


Ai ai, o mar me deixa tão romântica...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

No peito daquele homem
cheio de costuras, suturas,
remendos e purulações,
Fobias, vazio
angústia e apatia.

No peito daquele homem
músculos e fibra
responsabilidade e letargia
rigidez e poesia
infância esquecida

No peito daquele homem
negação da sua verdade
intimidade em seu anonimato
descompasso do coração
honra em sua derrota

No peito daquele homem
o bater da anunciação
o arrastar do existir
o pesar, o mártir
o bêbado a se iludir

Mas no peito daquele homem
o que se vislumbrava, singela
era sua camisa de algodão
hermeticamente fechada por 6 botões




quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E no beco das noites escusas
A serpente, repente, lançava
seus amarelos olhos fitos
e fixava sua vítima,

Sem pressa, num embalo cadente
sorria entre as presas, serpente
E a vítima sabia que a sibila
era o sorrir de mais uma noite farta
já não mais tão fria

E no peito da vítima crescia
a certeza do fim que inicia
e tardava a hora, ânsia da derrota
de escurecer, dessa vez
nas entranhas de quem a devora

E por fim, como foi dito,
se acaba
A aurora deflora a virgem madrugada
Ilumina o beco dos dias áureos
e contempla a inocência cândida
do sono do farto que tem em si
a sepultura por fardo.

domingo, 29 de agosto de 2010

Mais-valia

mais valia o ensaio que a apresentação

mais valia a pequena realização que o grande desejo

mais valia o cárcere que o exílio

mais valia a amputação que a certeza da morte


mas valia no peito o bater ritmado do chicote?

mas valia no seio o leite que abençoa a abortada derrota?

mais valia apontar o dedo que estender da mão?

mais valia o conformismo de seus quinhões?


mas valia o motejo pelo teto e pelo pão

mas valia a esfinge que o entoar das dúvidas

mas valia o estupro à castidade vã

mas valia o silencio ao desafino de se pronunciar


mas valia ao chão o corpo de suas crias?

mas valia o oráculo de seu sacrifício?

mais valia o imposto à sua serventia?

mais valia o medo que as aves de rapina?


mais valia a cruz que seu deus pagão

mais valia a exploração consentida que a coragem coletiva

mas valia a súplica que a honra punida

mas valia o bálsamo a cicatriz da luta

terça-feira, 1 de junho de 2010

Farta, parto no parto

Despeço-me, em um breve aceno

Estou pronta para a vida efêmera

De ser mãe do que se matou

Saindo de mim, estranha entranha


As mãos pingam sangue

Enquanto insone observo o leve pulsar

Se acalmar...

E brevemente

A breve existência

Se abreviará


Seco! Meus olhos estão secos

Meus sentimentos adormecidos.

E sentida, rasgo a carne da vida

Mergulho no profundo

Do que um dia fui eu


Sem nexo, rumo a esmo

No ermo, no acalanto de passar

Os passos leves, curtos e lentos

No abismo, na ponte do precipício


Perdoai-me por saber que o que fiz

Faria sem pensá-lo muitas vezes mais

Perdoai-me se a intenção

Era não maltratar-te

Além da prisão doméstica

Em que tanto viveste

Dei-te meu mundo, minha visão

Descanse em paz, minha pequena criança

Descanse, pois sempre observarei

E zelarei

Pelo seu eterno e ininterrupto

Quase despertar

sábado, 15 de maio de 2010

Estou com um outro blog. Isso não quer dizer que não vou mais postar nesse aqui, são blogs diferentes. Quem quiser dar uma olhada ficarei desde já agradecida, http://www.quixoteeomoinho.blogspot.com

domingo, 9 de maio de 2010

Amadurescência



Existe um limiar, um estado de espírito, uma parte da evolução, que é praticamente ignorada, e percebo agora, que isso é o que acarreta terríveis situações desnecessárias.

É ponto que todos crescemos, por mais mostras do contrário que muitos dêem disso, crescemos. A infância é aquele período com gosto de leite e em tons pastéis, onde você não percebia que não tinha do que se lembrar, a infância á uma mistura de sonho, presságio e reconhecimento na nossa vida adulta, muito menos divertida e sincera, e fatalmente mais longa.

A pré-adolescência, é em minha opinião uma fase ruim, onde não desejamos ser aquilo que somos, tentando ser aquilo que ainda não podemos ser. É uma espera, um momento artificial e que normalmente é pouco lembrado, por trazer experiências de trauma e humilhação (como a primeira vez que você resolve se maquiar, aos 11 anos), e completa ignorância do mundo ao redor. Mas ainda há inocência em você.

Enfim, a adolescência! A explosão. Você não tem absolutamente nada para fazer, a não ser estudar, mas já é “adulto” o suficiente para fazer o que quiser, e se acharem que não, você grita, você briga, você, hora ou outra, faz. É a primeira vez que você vai ver pessoas de verdade, de carne e osso, que falam e riem. Você se tornará uma dessas pessoas. Vai fazer amigos, participar de um grupo, formar laços de amor eterno coletivo, egoistamente. Vai dizer pela primeira vez que ama alguém, vai fazer amor com alguém pela primeira vez. Vai se desiludir e querer morrer na primeira traição. Vai entender, algum tempo depois, o que é traição de verdade. Vai querer saber sobre poliíticaguerrasexodrogasbebidareligião de uma vez só, e vai ficar extremamente confuso com todas as informações que conseguir. Vai ser arrogante, e olha só... vai perder o medo do escuro (ou não). Você vai, literalmente, viver pela primeira vez, na condição de um adulto. Depois talvez, você renegue dessa fase, muitos mudam depois de adolescentes. Mas não adianta, em meio a toda a hipocrisia da negação e superação, haverá a inveja, pois você sabe, que os dias nunca foram tão belos, por pior que eles possam ter parecido na época.

Ai você cresce de novo. Tudo isso que já disse, é apenas para falar desse momento. A escola acaba, você tem que passar no vestibular, ou você tem um filho, ou você apenas precisa trabalhar. Nessa hora, você não sente “o seu corpo mudando” para saber que está crescendo mais uma vez, nem sente uma revolta contra tudo e todos, pelo contrário, o único sintoma, é uma aquietação de espírito e alienação mental. Você se acha grande e adulto, e tudo aquilo que trouxe daquela adolescência turbulenta, torna-se estranho, pesado, infantil, para não falar absolutamente desnecessário. Ai você se afasta, rindo ironicamente, se sentindo o melhor. E passa um tempo, e você está só. Então você retorna, tenta reviver aqueles dias, apenas para não ficar sozinho. Mas a semente cresceu, e você é grande, e melhor que os outros. Procura outros amigos, outros amores e encontra, um tempo depois, depois de muito ficar sozinha. E feliz e contente faz as mesmas coisas que fazia antes. Pagando o triplo por uma cerveja, o dobro por um motel, seu salário em uma viagem cafona à Águas de Lindóia, o seu preço está cada vez mais baixo. Mas você não percebe isso, não agora, não enquanto não for tarde demais. Na faculdade, sua capacidade de ser intelectualizado e arrogante é tão sublime, que você se esquece de ter dúvidas e questionar, e fica em stand by mental. Você gradativamente para. Não consegue mais somar nada à sua vida, e para viver, se subtrai cada vez mais. Mas você realmente não percebe, e até sorri às vezes, só não sabe se é com sinceridade. Depois disso fica fácil, 99% das pessoas se casam e tem filhos, e fim. Algumas são mais abastadas que as outras, mas não é esse o ponto em questão; o 3% viram revolucionários do Movimento sem Terra, e se perdem em manifestações e verdades absolutas; 0,3% se recusam a crescer e podem ser encontrados por ai, barbados em meio a crianças e 0,4% se recusam a se vender e se matam por ai.

É isso. Você se tornou o inválido que reclama do horário político que cortou o Fantástico. Tornou-se o covarde que odeio o emprego e não tem força de procurar outro. Tornou-se o cardíaco que aos 35 anos vai ter ataque por nervosismo e cigarro em abundância. Tornou-se o seu próprio e inútil fim.

Congratulações! Você cresceu.

terça-feira, 20 de abril de 2010

E de repente o vazio
Os sentimentos que nunca senti estão vazios
A nostalgia dos meus bons dias está vazia
O sorriso calmo e fácil ficou vazio
As noites de insônia estão repletas de vazio
Os sonhos durante o dia esvaziaram

O brilho dos olhos
A vontade de fugir
De gritar
De roubar do mundo meu eu
Vazio

A folha em frente
Em branco
Vazia
A caneta em mãos
Rente, frente ao papel
Vazia
A mente também em branco
Vazia

Do despertar
ao arrastar de pés à cama
o vazio dos meus dias
Da casa
ao trajeto demarcado
o vazio dos passos
Das fugas
embebidas em situações
que não mais entendo
o vazio da minha tentativa

A vida de responsabilidade
critérios
e eufemismos
me esvaziou


terça-feira, 9 de março de 2010

Ah, em ti vi o caos desse esquecimento
as maldades mau ditas
de um dito popular
que o que tens, o tens por merecê-lo

Ah, em ti, tive o subversivo dessa arte
onde reportam por belo
aquilo que massacra
mascarando o que não podem entender

Ah, em ti todos os dias são verão
a coragem de sua história
um calor sufocante que não pode nublar
a frieza desse fechar de olhos coletivo

Em ti tive, ah!
o concreto dessa insubstancial compaixão
que aflora pelo medo de notarem
que na verdade, não floreceu

Há em ti, o clima propício
a beleza de seus descendentes
a coragem de sua história
a guerra pela sua paz

Há em ti, o temor que se inspirem
em seu lutar incessante
por isso o marasmo
moral suficiente para que se sentem novamente

Há em ti, a lama que alimenta
as crianças envelhecidas
as mães que tem por bonecas e primeiro brinquedo
o filho que mal poderão criar

Agora, em ti há
esse sensacionalismo enfadonho
que tenta recobrir com pó, rouge e esmolas
o esmo em que sempre te deixaste

Nada tive de ti
pois há em ti as sombras
de uma imundície que não limpam
para que não se sujem


Acho que esse post tá bem fácil, não é do meu feitio, mas ainda assim óbvio

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Já estava em tempo!

Seu alerta mental avisou-lhe:Vá.

E ele foi.

Marvilhou-se com muitas das paisagens que viu,e por onde passava,deixava mais de si do realmente poderia ser.Tampouco notou a ausência que fazia dele mesmo.

Empertigado,com sua postura arrogante de quem faz por favor,abstraiu-se.

Enrolado,como feto que tanto gostaria de voltar a ser,não dormia...Com os olhos arregalados,recusava-se a ceder ao seu pavor pelo escuro.Tudo o que queria era não ter que querer.Como queria que o fizessem por ele.

A criança que nunca crescera,precisava aflorar...ele bem o sabia,mas quem o ajudaria nesse momento?

Achava que entendia essa palavra melhor do que qualquer de suas ansiedades...

Solidão.



Em uma súplica desesperada, clamou pelo fim de todos aqueles dias, e em resposta, teve a benção de mais um amanhecer.

E voltara ao ponto zero.

E voltara a continuidade de sua rotina.

E voltara ao esquecimento, mas ele sabia, e o saber maltravava sua fuga.

Seria a luz, escurecer os olhos, e retornaria, passos em pegadas, à distinta morada de sua verdade.

Rancorosa, sua verdade já lhe comia com os dentes; com as garras desfazia-lhe, e em um requinte de maldade, devolvia os estilhaços do que fazia todas as manhãs.

E os retalhos continuavam a se mover, continuavam em ansiar pelo seu término, mas os retalhos apenas continuavam.

Suas lembranças foram-se apagando, conforme se apegava as imagens que a escuridão lhe impugia.

Os pedaços, pequeninos, dissolviam-se na velocidade do passar, eram arrastados, cada vez mais distantes de suas origens, a unidade.

Cada um, uma pequena história que nunca chegou a acontecer. Em cada um, o olhar de quem não consegue fazer com que aconteça.

Era a comodidae em forma de flagelo, o desprezo fingindo súplica, a desistência brincando de paciência.

Por fim, tornou-se apenas sátira.

E põe um fim ao que ainda não começara.

Se retira, e começa seu novo final.

E inicia quando finalmente acabou.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vontade absurda

Uma pequena obsessão

Reprimenda que abranda

Acalanto turvo e esporádico

Que engana os sentidos

Que afugenta os medos...

Entorpece a verdade



Relíquia elaborada

Por finos traços de despeito

Traz-me um fim

Traga-me por inteiro

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E finalmente, num abraço frio se enlaçaram novamente.
Ele a tanto tempo se fora, com tal violência se separaram, em um tão súbito desesperar. Foi de repente. Era como se tudo o que viveram de bom não passasse de devaneio ante a nova realidade impugida. Ela, pobre! Por louca a tomaram. Agarrou-se febril a sua ilusão. Lágrimas e injúrias. Saudade e purgação. Sua solidão tamanha, que quando em espasmos, o desespero tornava-se histeria, a pontapés e tapas afstava os que tentavam se aproximar. Somente o queria.
Ele via tudo sem poder interferir. Seguiu seus passos, sofreu com ela. As lágrimas que vertia, invisíveis, abençoava a desgraça que os contemplara.
Anciosa, ela esperava a morte. Maldosa, a morte se demorava nela.
Era morte viva, era viva chaga que não tem cura, era chaga que mata por viver demais.
Ele, horror e desvario. Tocava-a sem alcançar. Amavam-se todas as noites, e febris no abraço que não conseguiam completar, paravam, no entremeio do gozo que não mais se proporcionavam.
Nenhum homem a tocou novamente, e nenhum sentimento novo a acometeu. Ela o prendia.
Ele queria continuar, mas não podia. Não sem ela. e com a mesma ansiedade a esperava. Mas a morte só tocara ele.
Mas um dia...ah, que feliz dia aquele! Ela adoeceu. Tinha uma dessas doenças que não curam, que devagar machucam cada vez mais.
Com tal alegria abraçou seu fim concedido, que voltou a sorrir. Animou-se. Ao acordar cantava e dançava no quarto, e quando as dores horríveis a acometiam, gargalhava impaciente. Era tamanha euforia que na valsa que rodava com seu destino, ele a enlaçava. Quase se sentiam.
E aconteceu. Dolorosamente chegou sua hora. Seu fim foi horrível. Entre máquinas e tubos que impediam seu intento... mas aconteceu.
Desvencilhou-se daquele corpo velho e tal como se separaram, ele a buscou.
Ela sorriu, agora tímida. Ele com medo, estacou. Sem que se movessem, estavam unidos. E num suspiro que já não era necessário, abraçaram-se.
Indefinidamente dançarão a valsa do reencontro.

domingo, 6 de setembro de 2009

O vazio que explica, a profecia malditade de estar vazio. Na vontade, o frio de mais um cálculo, inexato. Fechar os olhos não escurece o que não quero ver. Pedir perdão, aos pés da minha própria imagem, já não expurga o erro de continuar.
No choro, a hipocrisia da minha fragilidade, e maduro, rio as escondidas, do despeito da compaixão. Já não posso parar, e os olhos arregalam, face a face, no espelho da alma perdida.
Fugas agora custam caro, te puxam pelo braço, e na cerne do meu ser, cobram o vício que não quero ter; o presente.
Do baralho, puxo o sétimo Ás, e das verdades da trapaça, só tenho a maestria de fazê-la... consecutivamente.
O apelo perde-se no eco da resposta, e oco retorno ao processo da minha perdição, onde já estou graduado.
Doce mente que se cala em todos os momentos, onde, precário, lhe pergunto qual é a razão. Mortais são meus instintos banais. Irreversível é o despertar de manhã.
Com ciência do final do capítulo, releio as páginas amareladas, umedecidas cautelosamente com saliva.
E no final, volto ao começo predito, e num conformado suspiro, piso nos passos marcados, do mesmo caminho.
Estou retrógrado na ida, ancioso na volta.
O avesso explica o lado de fora. Cada vez mais remendado por dentro, pelo exterior uniforme.
as chagas não sangram, enquanto as cicatrizes purgam. trago em meio o sorriso torto, e na ressurreição, a esperança, de quem sabe dessa vez findar.
Mas o irreverssível, é o despertar de manhã.


Esse foi um dia triste, mas que me gerou alguns textinhos... Já não acho esse dia tão ruim.

sábado, 22 de agosto de 2009

E no mais íntimo do seu trago, o vento fustigou-lhe a face, e veloz, contou seus segredos, que ela, de longe conhecia.


Subjugando seu destino, cravou da impunidade seu sorriso atroz... e pela curva em que fora feita, no profundo do seu gozo, desfez-se em sua tez, a certeza... chegara a hora.


De braços abertos, em sua torpez de:


-Entregar-me? Nem agora!


Destruiu-se, mais uma vez.


Docemente, afundou em si mesma, cerrou os olhos para fora. Embargou, no seu último sorvo, tudo o que dantes tivera aos poucos.


Nenhuma lágrima escorreu, nem o mínimo sentimento de pesar, já não sentia... era sentida.


E em seu seu trago transformara-se.


Flutuou livre, rarefeita espalhava-se, fragmento de pluma, pó de estrela...

Una em sua condição dúbia, sorriu mais uma vez...e tragou a si mesma...


Devo esse texto aos meninos de BH, saudades.

sábado, 25 de julho de 2009



Foi um bom dia, quando eu fiz essa foto.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Esmero, saliente pulsar. Como consiguirei desligar-me? Sou em roda, a fortuna que me atordoa, e fujo, correndo perigosamente em círculos obscuros. estendo o olhar à orla dessa abismo... Como admitir que o reflexo do azul, seja esse marasmo violento em tons dantescamente espalhados: marrom esverdeado; do início ao centro, desespero diluído, código morse ininteligível. A cabeça reclama aos pés que não ande, e os pés estendem o momento, no passo dado em falso... os pés já não pensam, a cabeça já não anda e, nesse segundo opressor, repete-se o encanto, num escasso sussurrar de lamento, súplica e enganosa dor.
Dou as costas, vou-me embora, rasgando minhas patas em espinhos coloridos. Deixo marcas, sei disso, nessa areia, nesse solo, onde só me descomponho. Uma brisa acaricia minha face, e num impulso arrepiado, volto-me aos meus passos. Mas, oh! Nunca passara por ali, apagada estava. Encontro uma morbidez lisa, fingindo-se inocente, tirara de mim o sangue, apagando as provas rapidamente. Alimentara aquilo que nunca antes conhecera.
O que preciso fazer para marcar, qualquer relevo que não seja o meu? Como faço, sendo uma incógnita, sendo um simples número que se perde e finda, sem nunca somar-se a outros irmãos?
Estou como feto, pronto a abortar o seu ventre. Seguro meus joelhos e sinto novamente o vento... ataca-me o vento! Me cobre a aurora espelhada, os pequenos grãos. Seria essa a resposta afinal? Unifico-me naquilo que não posso suplantar. Nem semente, uma esperança demente, consigo transformar. Não cresço, nem descreço. Mas mereço, sem dúvida mereço, esmoecer nessa massa, que já galga minha garganta. E minha voz, dantes já tonitruante, torna-se enfim a voz de todos. Sou reflexo do espelho. Imagem mutilada do que fui. Sou agora mais que tudo, marrom esverdeado tentando representar o azul.


Achei esse texto jogado no meu quarto... não me lembro quando o escrevi, nem do meu estado de espírito ao escrevê-lo...mas achei interessante colocá-lo aqui.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

E no segundo ato, está sentada de frente para o palco, observando as
cortinas vermelhas.
Ansiosa,a atriz aguarda o início da sua peça.
Os três sinais soam, e em meio as luzes apagadas, apenas no palco, há um círculo de luz, esperando para iluminar a grande estrela.
E nada acontece.
Aqui e ali ouvem-se tosses que disfarçam o constrangimento da espera. O tempo se arrasta, e pequenos resmungos podem ser ouvidos.
O homem forte, colérico, grita suas reclamações. E a mulher lacrimosa, pensa no desperdício de seu único dia de folga mensal. Lentamente, o barulho cresce, se espalha e ecoa por todo o teatro.
Os expectadores exigem, agora aos urros, uma peça correspondente ao preço que pagaram. Se- nhoras de conjuntos em tons pastéis, reclamam do país, e de sua evidente culpa pelo fracasso da peça. Homens convencidos pelas vozes estridentes das esposas, foram procurar a administração do teatro, e é de um senhor que se escuta a primeira vaia.
Em coro, a platéia vaia ensandecida, e os mais revoltados, jogam lixo no palco.
A atriz, profissional, segue o roteiro. Se levanta, puxa uma cesta que estava embaixo da sua poltrona, e entrega tomates e verduras (podres) à platéia, enquanto incita as pessoas contra a peça.
Nas cortinas, agora há manchas de imundície. Do chão de madeira escorre fétido líquido repugnante. As pessoas estão raivosas. Brigam entre si. Aquele homem grita com a namorada, a culpando pela idéia do teatro, cerveja em um bar é muito mais romântico para um casal que comemora seu primeiro ano de namoro. Muitos os que se sentam na frente, discutem e agridem, os que se sentam nos fundos, pelo lixo que jogaram no palco e fatalmente caiu em cima deles.
Os homens que foram a administração voltam com a notícia. As portas do teatro estão trancadas, não há como arrombá-las.
O pânico se espalha, as mulheres gritam, a grávida começa a passar mal, os celulares não dão sinal. Estão presos...
O teatro é tomado pelas pessoas, invadem o palco, e nas coxias, em meio a destruição que causam, procuram uma saída. Alguns espertos, aproveitam a situação e roubam bolsas, carteiras e o que encontram de valor pelos camarian.
Já faz um bom tempo que estão trancados, e da fúria nasce a semente do medo, e sem que ninguém mande todos ficam juntos, na parca iluminaão do palco.O silência, gradativamente se instala, e olhos arregalados tentam enxergar através da escuridão, lenços perfumados contra os rostos tentam disfarçar a podridão de suas próprias ações.
Desse silêncio, um lamento verdadeiro surge de alguns, e outros se organizam para arquitetar uma maneira de sair dali. Vão tentar novamente arrombar as portas, e quando vão bruscamente de encontro a uma delas, ela cede, aberta...
O alívio se estampa no semblante de todos, e aos empurrões e em meio a correria, atropelam-se, lutam pelo privilégio de fugir do teatro antes que os demais.
Por fim, os velhos e as mulheres mais frágeis conseguem passar pela porta, que se fecha novamente.
As luzes se acendem, e a atriz emocionada, aplaude frenética, de seus cabelos tira uma flor que atira no palco.
Por muito tempo ela fica no mesmo lugar, chorando silenciosamente, sensibilizada pela maravilhosa apresentação que assistiu.

FIM DO SEGUNDO ATO

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lua cheia
E a passagem
É cada vez mais estreita
Acossado como bicho
De meu, só possuo os instintos febris
A clamarem,
A me impelirem, ao menos
Ao subviver

Tudo está assim.
Olho ao redor
E percebo
Sinto o odor,
O sentido, tato pegajoso
De meus irmaos de espécie
Minguarem
Inexorável mente
Um pontoNo infinito que antes fors
Só nos resta, procurar coragem
Mas o conforto,
Apazigua nossa pressa

disfarçados em peles de seda
em ações de pelica
Emplumados como pavões,
Crescentes em reticências
Para que assim esqueceçamos nossa
Verdadeira forma
Aumentamos aquilo que nunca seremos
Ego em cheia.
Balão lotado de ar
Frágil e suntuoso,
Explodirá?

Com olhos brilhantes
Aguardaremos a nova
(invisível prisão)
Rotina
Fase a fase
De acalantos de ninar
A gemidos de um suposto prazer
Retidos estaremos
Em ações governadas

Quem sabe
Não reste ainda
O reflexo de uma estrela fugidia
Pelo esplendoroso céu
Que antes,fomosUma baça lembrança
Terá que me contentar
Até a próxima maré