Farta, parto no parto
Despeço-me, em um breve aceno
Estou pronta para a vida efêmera
De ser mãe do que se matou
Saindo de mim, estranha entranha
As mãos pingam sangue
Enquanto insone observo o leve pulsar
Se acalmar...
E brevemente
A breve existência
Se abreviará
Seco! Meus olhos estão secos
Meus sentimentos adormecidos.
E sentida, rasgo a carne da vida
Mergulho no profundo
Do que um dia fui eu
Sem nexo, rumo a esmo
No ermo, no acalanto de passar
Os passos leves, curtos e lentos
No abismo, na ponte do precipício
Perdoai-me por saber que o que fiz
Faria sem pensá-lo muitas vezes mais
Perdoai-me se a intenção
Era não maltratar-te
Além da prisão doméstica
Em que tanto viveste
Dei-te meu mundo, minha visão
Descanse em paz, minha pequena criança
Descanse, pois sempre observarei
E zelarei
Pelo seu eterno e ininterrupto
Quase despertar
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