quarta-feira, 19 de março de 2008

Depois do espelho

Não há brilho em meus olhos,há o reflexo da luz,que vejo refletido no espelho em que reflito.Não estou ao alcance de ninguém,só de minha própria vontade,pois,quando quis acarinahr a imagem,solta,perdida,largada na paisagem,bati meus dedos longos,no frio do vidro.
Somente eu posso tocar-me,sem jamais fazê-lo de fato
Em meu rosto há uma ruga,acima da sombrancelha esquerda,de etrena e contida ira.Onde adquiri raiva suficiente para marcar-me???
Por que raiva?Por que vesgar de pesar?
Quando perscrutei o meu olhar,vi uma máscara de desprezo,nela,havia também raiva,ira,rebeldia declarada.Vi tudo isso,mas não havia nada em disso no olhar.
Tenho olhos assustados,em vigilância constante,pronto a vermelhar-se,ao primeiro sinal de compreensão.Em vigilante constância.Tenho olhos tristes que brilham de escárnio,a simples idéia de tristes ficarem
Em meus lábios cheios,tenho os cortes que disfarço,enquanto os reabro,com a consciência de saber o porque de os ter.Nos cantos da minha boca,há uma curva desenhada e ascendente,pronta a rachar-se em um sorriso:o rasgar de desespero,ou o esgar do preceito?
Nas maçãs de meu rosto,há marcas,que nunca antes,tanto me regojizei,por nada terem a dizer,além da beleza,da sutileza,de lá sempre as ter,sem nada querer além disso
Em minha face,há intrínsicos filamentos,de medo,de raiva,de tristeza,de dor,que,absolutamente,não me lembro desde quando passei a tê-los.Mas,que,para preservar a minha "boa imagem",recubro-os com pó,rouge e sombra;o que houver a mão,para esconder de mim,e de quem vier a me conhecer,o sorriso amargo,daqueles que nem sempre quiseram rir,enquanto secam,a surdina,a lágrima que do olho escorre,pela gargalhada,que foi especialmente dolorosa.

Mais uma vez,devo esse texto ao tio Gá,depois de uma aula de mitologis,especialmente violenta,passei duas horas,sentada,na frente do espelho,observando e tentando entender a verdade de ser o que sou.Esse texto,foi o resultado superficial das minhas conclusões.Tenho outro,mais "profundo",qua não vou colocar aqui,pois ele nunca estará pronto,mesmo que eu já o tenha terminado,esse texto,até agora,foi a coisa mais pessoal que eu já escrevi,devo ele ao tio gá,por mais que deteste o que descobri.

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