Muito pouco,para quase nada
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Mais-valia
mais valia o ensaio que a apresentação
mais valia a pequena realização que o grande desejo
mais valia o cárcere que o exílio
mais valia a amputação que a certeza da morte
mas valia no peito o bater ritmado do chicote?
mas valia no seio o leite que abençoa a abortada derrota?
mais valia apontar o dedo que estender da mão?
mais valia o conformismo de seus quinhões?
mas valia o motejo pelo teto e pelo pão
mas valia a esfinge que o entoar das dúvidas
mas valia o estupro à castidade vã
mas valia o silencio ao desafino de se pronunciar
mas valia ao chão o corpo de suas crias?
mas valia o oráculo de seu sacrifício?
mais valia o imposto à sua serventia?
mais valia o medo que as aves de rapina?
mais valia a cruz que seu deus pagão
mais valia a exploração consentida que a coragem coletiva
mas valia a súplica que a honra punida
mas valia o bálsamo a cicatriz da luta
terça-feira, 1 de junho de 2010
Farta, parto no parto
Despeço-me, em um breve aceno
Estou pronta para a vida efêmera
De ser mãe do que se matou
Saindo de mim, estranha entranha
As mãos pingam sangue
Enquanto insone observo o leve pulsar
Se acalmar...
E brevemente
A breve existência
Se abreviará
Seco! Meus olhos estão secos
Meus sentimentos adormecidos.
E sentida, rasgo a carne da vida
Mergulho no profundo
Do que um dia fui eu
Sem nexo, rumo a esmo
No ermo, no acalanto de passar
Os passos leves, curtos e lentos
No abismo, na ponte do precipício
Perdoai-me por saber que o que fiz
Faria sem pensá-lo muitas vezes mais
Perdoai-me se a intenção
Era não maltratar-te
Além da prisão doméstica
Em que tanto viveste
Dei-te meu mundo, minha visão
Descanse em paz, minha pequena criança
Descanse, pois sempre observarei
E zelarei
Pelo seu eterno e ininterrupto
Quase despertar
sábado, 15 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
Amadurescência
Existe um limiar, um estado de espírito, uma parte da evolução, que é praticamente ignorada, e percebo agora, que isso é o que acarreta terríveis situações desnecessárias.
É ponto que todos crescemos, por mais mostras do contrário que muitos dêem disso, crescemos. A infância é aquele período com gosto de leite e em tons pastéis, onde você não percebia que não tinha do que se lembrar, a infância á uma mistura de sonho, presságio e reconhecimento na nossa vida adulta, muito menos divertida e sincera, e fatalmente mais longa.
A pré-adolescência, é em minha opinião uma fase ruim, onde não desejamos ser aquilo que somos, tentando ser aquilo que ainda não podemos ser. É uma espera, um momento artificial e que normalmente é pouco lembrado, por trazer experiências de trauma e humilhação (como a primeira vez que você resolve se maquiar, aos 11 anos), e completa ignorância do mundo ao redor. Mas ainda há inocência em você.
Enfim, a adolescência! A explosão. Você não tem absolutamente nada para fazer, a não ser estudar, mas já é “adulto” o suficiente para fazer o que quiser, e se acharem que não, você grita, você briga, você, hora ou outra, faz. É a primeira vez que você vai ver pessoas de verdade, de carne e osso, que falam e riem. Você se tornará uma dessas pessoas. Vai fazer amigos, participar de um grupo, formar laços de amor eterno coletivo, egoistamente. Vai dizer pela primeira vez que ama alguém, vai fazer amor com alguém pela primeira vez. Vai se desiludir e querer morrer na primeira traição. Vai entender, algum tempo depois, o que é traição de verdade. Vai querer saber sobre poliíticaguerrasexodrogasbebidareligião de uma vez só, e vai ficar extremamente confuso com todas as informações que conseguir. Vai ser arrogante, e olha só... vai perder o medo do escuro (ou não). Você vai, literalmente, viver pela primeira vez, na condição de um adulto. Depois talvez, você renegue dessa fase, muitos mudam depois de adolescentes. Mas não adianta, em meio a toda a hipocrisia da negação e superação, haverá a inveja, pois você sabe, que os dias nunca foram tão belos, por pior que eles possam ter parecido na época.
Ai você cresce de novo. Tudo isso que já disse, é apenas para falar desse momento. A escola acaba, você tem que passar no vestibular, ou você tem um filho, ou você apenas precisa trabalhar. Nessa hora, você não sente “o seu corpo mudando” para saber que está crescendo mais uma vez, nem sente uma revolta contra tudo e todos, pelo contrário, o único sintoma, é uma aquietação de espírito e alienação mental. Você se acha grande e adulto, e tudo aquilo que trouxe daquela adolescência turbulenta, torna-se estranho, pesado, infantil, para não falar absolutamente desnecessário. Ai você se afasta, rindo ironicamente, se sentindo o melhor. E passa um tempo, e você está só. Então você retorna, tenta reviver aqueles dias, apenas para não ficar sozinho. Mas a semente cresceu, e você é grande, e melhor que os outros. Procura outros amigos, outros amores e encontra, um tempo depois, depois de muito ficar sozinha. E feliz e contente faz as mesmas coisas que fazia antes. Pagando o triplo por uma cerveja, o dobro por um motel, seu salário em uma viagem cafona à Águas de Lindóia, o seu preço está cada vez mais baixo. Mas você não percebe isso, não agora, não enquanto não for tarde demais. Na faculdade, sua capacidade de ser intelectualizado e arrogante é tão sublime, que você se esquece de ter dúvidas e questionar, e fica em stand by mental. Você gradativamente para. Não consegue mais somar nada à sua vida, e para viver, se subtrai cada vez mais. Mas você realmente não percebe, e até sorri às vezes, só não sabe se é com sinceridade. Depois disso fica fácil, 99% das pessoas se casam e tem filhos, e fim. Algumas são mais abastadas que as outras, mas não é esse o ponto em questão; o 3% viram revolucionários do Movimento sem Terra, e se perdem em manifestações e verdades absolutas; 0,3% se recusam a crescer e podem ser encontrados por ai, barbados em meio a crianças e 0,4% se recusam a se vender e se matam por ai.
É isso. Você se tornou o inválido que reclama do horário político que cortou o Fantástico. Tornou-se o covarde que odeio o emprego e não tem força de procurar outro. Tornou-se o cardíaco que aos 35 anos vai ter ataque por nervosismo e cigarro em abundância. Tornou-se o seu próprio e inútil fim.
Congratulações! Você cresceu.
terça-feira, 20 de abril de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
as maldades mau ditas
de um dito popular
que o que tens, o tens por merecê-lo
Ah, em ti, tive o subversivo dessa arte
onde reportam por belo
aquilo que massacra
mascarando o que não podem entender
Ah, em ti todos os dias são verão
a coragem de sua história
um calor sufocante que não pode nublar
a frieza desse fechar de olhos coletivo
Em ti tive, ah!
o concreto dessa insubstancial compaixão
que aflora pelo medo de notarem
que na verdade, não floreceu
Há em ti, o clima propício
a beleza de seus descendentes
a coragem de sua história
a guerra pela sua paz
Há em ti, o temor que se inspirem
em seu lutar incessante
por isso o marasmo
moral suficiente para que se sentem novamente
Há em ti, a lama que alimenta
as crianças envelhecidas
as mães que tem por bonecas e primeiro brinquedo
o filho que mal poderão criar
Agora, em ti há
esse sensacionalismo enfadonho
que tenta recobrir com pó, rouge e esmolas
o esmo em que sempre te deixaste
Nada tive de ti
pois há em ti as sombras
de uma imundície que não limpam
para que não se sujem
Acho que esse post tá bem fácil, não é do meu feitio, mas ainda assim óbvio
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Seu alerta mental avisou-lhe:Vá.
E ele foi.
Marvilhou-se com muitas das paisagens que viu,e por onde passava,deixava mais de si do realmente poderia ser.Tampouco notou a ausência que fazia dele mesmo.
Empertigado,com sua postura arrogante de quem faz por favor,abstraiu-se.
Enrolado,como feto que tanto gostaria de voltar a ser,não dormia...Com os olhos arregalados,recusava-se a ceder ao seu pavor pelo escuro.Tudo o que queria era não ter que querer.Como queria que o fizessem por ele.
A criança que nunca crescera,precisava aflorar...ele bem o sabia,mas quem o ajudaria nesse momento?
Achava que entendia essa palavra melhor do que qualquer de suas ansiedades...
Solidão.
Em uma súplica desesperada, clamou pelo fim de todos aqueles dias, e em resposta, teve a benção de mais um amanhecer.
E voltara ao ponto zero.
E voltara a continuidade de sua rotina.
E voltara ao esquecimento, mas ele sabia, e o saber maltravava sua fuga.
Seria a luz, escurecer os olhos, e retornaria, passos em pegadas, à distinta morada de sua verdade.
Rancorosa, sua verdade já lhe comia com os dentes; com as garras desfazia-lhe, e em um requinte de maldade, devolvia os estilhaços do que fazia todas as manhãs.
E os retalhos continuavam a se mover, continuavam em ansiar pelo seu término, mas os retalhos apenas continuavam.
Suas lembranças foram-se apagando, conforme se apegava as imagens que a escuridão lhe impugia.
Os pedaços, pequeninos, dissolviam-se na velocidade do passar, eram arrastados, cada vez mais distantes de suas origens, a unidade.
Cada um, uma pequena história que nunca chegou a acontecer. Em cada um, o olhar de quem não consegue fazer com que aconteça.
Era a comodidae em forma de flagelo, o desprezo fingindo súplica, a desistência brincando de paciência.
Por fim, tornou-se apenas sátira.
E põe um fim ao que ainda não começara.
Se retira, e começa seu novo final.
E inicia quando finalmente acabou.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Ele a tanto tempo se fora, com tal violência se separaram, em um tão súbito desesperar. Foi de repente. Era como se tudo o que viveram de bom não passasse de devaneio ante a nova realidade impugida. Ela, pobre! Por louca a tomaram. Agarrou-se febril a sua ilusão. Lágrimas e injúrias. Saudade e purgação. Sua solidão tamanha, que quando em espasmos, o desespero tornava-se histeria, a pontapés e tapas afstava os que tentavam se aproximar. Somente o queria.
Ele via tudo sem poder interferir. Seguiu seus passos, sofreu com ela. As lágrimas que vertia, invisíveis, abençoava a desgraça que os contemplara.
Anciosa, ela esperava a morte. Maldosa, a morte se demorava nela.
Era morte viva, era viva chaga que não tem cura, era chaga que mata por viver demais.
Ele, horror e desvario. Tocava-a sem alcançar. Amavam-se todas as noites, e febris no abraço que não conseguiam completar, paravam, no entremeio do gozo que não mais se proporcionavam.
Nenhum homem a tocou novamente, e nenhum sentimento novo a acometeu. Ela o prendia.
Ele queria continuar, mas não podia. Não sem ela. e com a mesma ansiedade a esperava. Mas a morte só tocara ele.
Mas um dia...ah, que feliz dia aquele! Ela adoeceu. Tinha uma dessas doenças que não curam, que devagar machucam cada vez mais.
Com tal alegria abraçou seu fim concedido, que voltou a sorrir. Animou-se. Ao acordar cantava e dançava no quarto, e quando as dores horríveis a acometiam, gargalhava impaciente. Era tamanha euforia que na valsa que rodava com seu destino, ele a enlaçava. Quase se sentiam.
E aconteceu. Dolorosamente chegou sua hora. Seu fim foi horrível. Entre máquinas e tubos que impediam seu intento... mas aconteceu.
Desvencilhou-se daquele corpo velho e tal como se separaram, ele a buscou.
Ela sorriu, agora tímida. Ele com medo, estacou. Sem que se movessem, estavam unidos. E num suspiro que já não era necessário, abraçaram-se.
Indefinidamente dançarão a valsa do reencontro.
domingo, 6 de setembro de 2009
No choro, a hipocrisia da minha fragilidade, e maduro, rio as escondidas, do despeito da compaixão. Já não posso parar, e os olhos arregalam, face a face, no espelho da alma perdida.
Fugas agora custam caro, te puxam pelo braço, e na cerne do meu ser, cobram o vício que não quero ter; o presente.
Do baralho, puxo o sétimo Ás, e das verdades da trapaça, só tenho a maestria de fazê-la... consecutivamente.
O apelo perde-se no eco da resposta, e oco retorno ao processo da minha perdição, onde já estou graduado.
Doce mente que se cala em todos os momentos, onde, precário, lhe pergunto qual é a razão. Mortais são meus instintos banais. Irreversível é o despertar de manhã.
Com ciência do final do capítulo, releio as páginas amareladas, umedecidas cautelosamente com saliva.
E no final, volto ao começo predito, e num conformado suspiro, piso nos passos marcados, do mesmo caminho.
Estou retrógrado na ida, ancioso na volta.
O avesso explica o lado de fora. Cada vez mais remendado por dentro, pelo exterior uniforme.
as chagas não sangram, enquanto as cicatrizes purgam. trago em meio o sorriso torto, e na ressurreição, a esperança, de quem sabe dessa vez findar.
Mas o irreverssível, é o despertar de manhã.
Esse foi um dia triste, mas que me gerou alguns textinhos... Já não acho esse dia tão ruim.
sábado, 22 de agosto de 2009
Subjugando seu destino, cravou da impunidade seu sorriso atroz... e pela curva em que fora feita, no profundo do seu gozo, desfez-se em sua tez, a certeza... chegara a hora.
De braços abertos, em sua torpez de:
-Entregar-me? Nem agora!
Destruiu-se, mais uma vez.
Docemente, afundou em si mesma, cerrou os olhos para fora. Embargou, no seu último sorvo, tudo o que dantes tivera aos poucos.
Nenhuma lágrima escorreu, nem o mínimo sentimento de pesar, já não sentia... era sentida.
E em seu seu trago transformara-se.
Flutuou livre, rarefeita espalhava-se, fragmento de pluma, pó de estrela...
Una em sua condição dúbia, sorriu mais uma vez...e tragou a si mesma...
Devo esse texto aos meninos de BH, saudades.
sábado, 25 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Dou as costas, vou-me embora, rasgando minhas patas em espinhos coloridos. Deixo marcas, sei disso, nessa areia, nesse solo, onde só me descomponho. Uma brisa acaricia minha face, e num impulso arrepiado, volto-me aos meus passos. Mas, oh! Nunca passara por ali, apagada estava. Encontro uma morbidez lisa, fingindo-se inocente, tirara de mim o sangue, apagando as provas rapidamente. Alimentara aquilo que nunca antes conhecera.
O que preciso fazer para marcar, qualquer relevo que não seja o meu? Como faço, sendo uma incógnita, sendo um simples número que se perde e finda, sem nunca somar-se a outros irmãos?
Estou como feto, pronto a abortar o seu ventre. Seguro meus joelhos e sinto novamente o vento... ataca-me o vento! Me cobre a aurora espelhada, os pequenos grãos. Seria essa a resposta afinal? Unifico-me naquilo que não posso suplantar. Nem semente, uma esperança demente, consigo transformar. Não cresço, nem descreço. Mas mereço, sem dúvida mereço, esmoecer nessa massa, que já galga minha garganta. E minha voz, dantes já tonitruante, torna-se enfim a voz de todos. Sou reflexo do espelho. Imagem mutilada do que fui. Sou agora mais que tudo, marrom esverdeado tentando representar o azul.
Achei esse texto jogado no meu quarto... não me lembro quando o escrevi, nem do meu estado de espírito ao escrevê-lo...mas achei interessante colocá-lo aqui.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Os três sinais soam, e em meio as luzes apagadas, apenas no palco, há um círculo de luz, esperando para iluminar a grande estrela.
E nada acontece.
Aqui e ali ouvem-se tosses que disfarçam o constrangimento da espera. O tempo se arrasta, e pequenos resmungos podem ser ouvidos.
O homem forte, colérico, grita suas reclamações. E a mulher lacrimosa, pensa no desperdício de seu único dia de folga mensal. Lentamente, o barulho cresce, se espalha e ecoa por todo o teatro.
Os expectadores exigem, agora aos urros, uma peça correspondente ao preço que pagaram. Se- nhoras de conjuntos em tons pastéis, reclamam do país, e de sua evidente culpa pelo fracasso da peça. Homens convencidos pelas vozes estridentes das esposas, foram procurar a administração do teatro, e é de um senhor que se escuta a primeira vaia.
Em coro, a platéia vaia ensandecida, e os mais revoltados, jogam lixo no palco.
A atriz, profissional, segue o roteiro. Se levanta, puxa uma cesta que estava embaixo da sua poltrona, e entrega tomates e verduras (podres) à platéia, enquanto incita as pessoas contra a peça.
Nas cortinas, agora há manchas de imundície. Do chão de madeira escorre fétido líquido repugnante. As pessoas estão raivosas. Brigam entre si. Aquele homem grita com a namorada, a culpando pela idéia do teatro, cerveja em um bar é muito mais romântico para um casal que comemora seu primeiro ano de namoro. Muitos os que se sentam na frente, discutem e agridem, os que se sentam nos fundos, pelo lixo que jogaram no palco e fatalmente caiu em cima deles.
Os homens que foram a administração voltam com a notícia. As portas do teatro estão trancadas, não há como arrombá-las.
O pânico se espalha, as mulheres gritam, a grávida começa a passar mal, os celulares não dão sinal. Estão presos...
O teatro é tomado pelas pessoas, invadem o palco, e nas coxias, em meio a destruição que causam, procuram uma saída. Alguns espertos, aproveitam a situação e roubam bolsas, carteiras e o que encontram de valor pelos camarian.
Já faz um bom tempo que estão trancados, e da fúria nasce a semente do medo, e sem que ninguém mande todos ficam juntos, na parca iluminaão do palco.O silência, gradativamente se instala, e olhos arregalados tentam enxergar através da escuridão, lenços perfumados contra os rostos tentam disfarçar a podridão de suas próprias ações.
Desse silêncio, um lamento verdadeiro surge de alguns, e outros se organizam para arquitetar uma maneira de sair dali. Vão tentar novamente arrombar as portas, e quando vão bruscamente de encontro a uma delas, ela cede, aberta...
O alívio se estampa no semblante de todos, e aos empurrões e em meio a correria, atropelam-se, lutam pelo privilégio de fugir do teatro antes que os demais.
Por fim, os velhos e as mulheres mais frágeis conseguem passar pela porta, que se fecha novamente.
As luzes se acendem, e a atriz emocionada, aplaude frenética, de seus cabelos tira uma flor que atira no palco.
Por muito tempo ela fica no mesmo lugar, chorando silenciosamente, sensibilizada pela maravilhosa apresentação que assistiu.
FIM DO SEGUNDO ATO
terça-feira, 14 de abril de 2009
E a passagem
É cada vez mais estreita
Acossado como bicho
De meu, só possuo os instintos febris
A clamarem,
A me impelirem, ao menos
Ao subviver
Tudo está assim.
Olho ao redor
E percebo
Sinto o odor,
O sentido, tato pegajoso
De meus irmaos de espécie
Minguarem
Inexorável mente
Um pontoNo infinito que antes fors
Só nos resta, procurar coragem
Mas o conforto,
Apazigua nossa pressa
disfarçados em peles de seda
em ações de pelica
Emplumados como pavões,
Crescentes em reticências
Para que assim esqueceçamos nossa
Verdadeira forma
Aumentamos aquilo que nunca seremos
Ego em cheia.
Balão lotado de ar
Frágil e suntuoso,
Explodirá?
Com olhos brilhantes
Aguardaremos a nova
(invisível prisão)
Rotina
Fase a fase
De acalantos de ninar
A gemidos de um suposto prazer
Retidos estaremos
Em ações governadas
Quem sabe
Não reste ainda
O reflexo de uma estrela fugidia
Pelo esplendoroso céu
Que antes,fomosUma baça lembrança
Terá que me contentar
Até a próxima maré